quarta-feira, novembro 16, 2016

ESTRANHA ADMIRAÇÃO


            
             Estava para iniciar este artigo com um outro título, “Estranho Silêncio”. Ouvi a reacção do bispo do Porto às declarações/promessas do mister TRUMP na RÁDIO RENASCENÇA (sou ouvinte já desde longa data…) e estranhei o silêncio de muita gente, mesmo da Igreja! Fica já dito que gostei muito e reforço as palavras do sr. D. António Francisco. Há, por um lado, este estranho silêncio, de quem tem de dar testemunho de Cristo e do Seu Evangelho a toda a hora, “a tempo e a fora de tempo” – só para citar S. Paulo - e, por outro, também uma estranha admiração. Ficou esta como título. É a de muitos comentadores que ainda dizem ser preciso esperar para ver!... Vocês vão ver que ele até vai ser uma grande surpresa para a América e para o mundo… Ele afinal ainda nos vai fintar pela positiva. Até o Presidente Obama está convencido disso… Já o afirmou. Será?!... Estará mesmo convencido disso? Na digreção agora pela Europa, já afirmou na Grécia que é preciso moderação nas relações externas da América com a Europa, o resto do mundo (China e Rússia), respeito por acordos firmados, e não dividir ainda mais o país…
       
              As instituições europeias e respectivos governos e estados estão muito preocupadas com as consequências da postura titubiante deste enigmático multimilionário (dizem alguns iludidos cá desta bnada que se chegou ao sucesso imperial dos seus negócios é porque é um inteligente administrador – resta saber se é como o famoso do Evangelho - e por isso está apto a governar o país) cujas regras do jogo são apenas os seus interesses à custa do puritanismo americano. De cariz Protestante, diga-se. A Igreja Católica neste país é, como toda a gente sabe, minoritária.

              Mas então pretendem ver o quê se esse senhor é tão contraditório!... Para não dizer inconstante… Perigosamente inconstante. Sim, porque, dizem, afinal o homem não é tanto assim… Aquilo foi tudo o calor próprio das campanhas eleitorais… Perguntemos desde já: mas as pessoas e os valores em causa não merecem respeito também numa campanha eleitoral? É normal brincar ou jogar com assuntos relativos a pessoas cujas vidas são tão complexas e complicadas por gente que entra na conquista pelo poder seja lá ele em que parte do mundo for? No que aos EE.UU. diz respeito estamos a falar de milhões de imigrantes ilegais… (E também cá estão… vindos a fugir de procedimentos preconizados por este senhor!... De modo mais efectivo, para já). Esses, naturalmente, não puderam participar nas eleições. Decerto não votariam TRUMP.               
             
               Depois das suas palavras afugentadoras, medonhas, em campanha eleitoral e agora depois da conquista da presidência do país mais rico e influente do mundo, por um lado mais moderadas e por outro recomeçando a mexer em feridas perigosas, o que se poderá esperar? Estabilidade e confiança? Sossego e paz? Não, de todo! Infelizmente já há graves distúrbios. Toda gente, lá como cá, vai pondo a esperança no bom senso do senhor Trump… Mas, repito, ele já começou de novo a dar sinal de luzes na estrada a toda a velocidade para que os respeitadores das regras do trânsito se arrumem se faz favor se não querem ser abalroados pelo carta branca da Casa Branca…

          Ganhou e, como digo, estranha admiração causou. Cá como lá. Por variadas razões já especuladas. Cá como lá. A mais prevalecente parece ser o cansaço do povo relativamente aos políticos, grandes incumpridores de promessas. Outras razões há. Com mais ou menos peso, aí estarão. E não menos relevantes. A cultura dos preconceitos raciais e étnicos infelizmente não acabou. Cá como lá! Mas também dentro destas sociedades que se dizem de valores cristãos (o Presidente toma sempre posse e faz o juramente de fidelidade à Nação e suas instituições com a mão sobre a Bíblia), inclusive a nossa, cultiva-se muito ainda a maledicência, o mexerico, a crítica sarcástica aos defeitos e infortúnios morais ou sociais do próximo – tudo próprio de sectores puritanos como os que o Mister TRUMP representa.

           De facto, como cidadãos europeus, e muito mais ainda como cristãos e como Igreja, não podemos assobiar para o lado ante declarações tão funestas que envergonham a humanidade e escarnecem assim do Evangelho. Até porque, e para já, sou missionário, e como tal não posso admitir declarações xenófobas, racistas, anti-semitas, ultra-nacionalistas e anti-imigração (e que ainda por cima levanta sérias questões à NATO, e à UNIÃO EUROPEIA e faz esfregar as mãos de contentes lá e aqui na Europa a extremistas da ultra-direita, xenófobos, racistas, ultra-nacionalistas e tudo o mais que lhes está associado de cariz anti-humanista), como as que fez e continua a fazer o MISTER-T. 

            Neste país, [PORTUGAL] infelizmente, só se faz eco de um certo sensacionalismo provinciano (e também de certo modo populista), onde se metem os escândalos corrosivos de toda a ordem, sobretudo se entram padres, e que se quer teimosamente fazer passar por actual… e não serve a comunicação autêntica. Serve interesses instalados - lobys. Daí a indiferença às palavras genuínas e indiscutíveis do senhor Bispo do Porto, há dias atrás. Palavras que deverão ser levadas a peito por todos nós.

            Mister se faz uma maior atenção sobre nós próprios. A Vigilância de que fala Jesus Cristo no Evangelho passa também por esta atenção devida às obras da nossa Fé. Não é possível deixarmos passar estas atrocidades e atropelos aos direitos universais da pessoa humana, sob pena de se lançar sobre as nossas cabeças a sentença do juízo final: “Afastai-vos de Mim malditos para o o fogo eterno, preparado para o demónio e os seus anjos”!

            De resto, lembro ainda o que diz o Concílio Vaticano II a propósito da acção da Igreja de Cristo no mundo actual: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (Gaudium et Spes, nº 1). Eu sei que a Igreja, e eu também sou Igreja, não se tem poupado a esforços neste sentido da Gaudium et Spes. De forma alguma. Porém, não podemos esquecer que acção também necessita do apoio da palavra, a tempo e fora de tempo, palavra profética, para anunciar e denunciar. Não pode haver falsa modéstia. “Presunção e água benta, cada qual toma a que quer”.
            
             Continua entre nós uma falsa prudência! Estão com medo de beliscar o dragão? Não vá ele às vezes fazer estragos com a cauda, é? Mas se já começou, pelo menos com os roncos e grunhidos?...
            
               Neste ano da misericórdia cuja celebração está quase no seu termo, mas não é para passar à história, não podemos pactuar com esse TRUMPISMO que infelizmente já vai de vento em pôpa!... Não nos esqueçamos dos sofrimentos incontáveis e muito duros dos povos da América Latina hoje ainda mais agudizados; e mais se agudizarão se a retórica e a demagogia desses messias puritanos se instalarem com os seus perniciosos, catastróficos reinos. Que Deus nos acuda!

P. Joaquim Pinho (SMBN).


quarta-feira, abril 20, 2016

Liberdade de imprensa diminuiu em "nova era de propaganda"
Actualizado há 3 horas e 27 minutos
Lusa
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 A liberdade de imprensa deteriorou-se em 2015, especialmente no continente americano, denunciou hoje a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras, alertando para uma "nova era da propaganda".
O Índice Mundial da Liberdade de Imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras de 2016, divulgado hoje, regista uma descida em todo o mundo, segundo Christophe Deloire, secretário-geral desta organização sediada em Paris, com a América Latina como motivo particular de preocupação.
"Todos os indicadores se deterioraram. Numerosas autoridades estão a tentar recuperar o controlo dos seus países, temendo o debate público aberto", disse Deloire à agência de notícias AFP.
Este 'ranking' lista 180 países segundo indicadores como a independência dos meios de comunicação social, a autocensura, a legislação, a transparência e abusos.
"É hoje muito mais fácil aos poderes dirigirem-se diretamente ao publico através de novas tecnologias e isso representa um maior grau de violência contra aqueles que representam a liberdade de imprensa", afirmou Christophe Deloire.
"Estamos a entrar numa nova era de propaganda em que as tecnologias permitem a disseminação a baixo custo", acrescentou.
Para os Repórteres Sem Fronteiras, a situação é especialmente grave na América Latina, com o relatório deste ano da organização a apontar a "violência institucional" na Venezuela e no Equador, o crime organizado nas Honduras, a impunidade na Colômbia, a corrupção no Brasil e a concentração de meios de comunicação social na Argentina como os principais obstáculos à liberdade de imprensa.
A situação da liberdade de imprensa em África é melhor do que na América Latina pela primeira vez desde pelo menos 2002, ano em que a organização começou a elaborar a classificação mundial da liberdade de imprensa.
Segundo o relatório deste ano dos RSF, globalmente, África é agora o segundo continente com melhor classificação, atrás da Europa, e supera a América, "fustigada pela violência crescente contra os jornalistas na América Latina", enquanto a Ásia se mantém com a pior classificação.
O norte de África e o Médio Oriente continuam a ser "a região do mundo onde os jornalistas encontram mais obstáculos de todo o tipo", indica o relatório.
Dos 180 países analisados, a Finlândia continua a ter a melhor classificação, seguida da Holanda e da Noruega.
Portugal subiu três lugares, passando da 26.ª posição, em 2015, para a 23.ª este ano.
A organização destaca a significativa melhoria da Tunísia, que subiu 30 lugares graças "à redução das denúncias contra os meios de comunicação e agressões". Também a Ucrânia subiu 22 lugares "devido à estabilização do conflito" no país.
Entre as principais quedas, destaque para a Polónia, que desce 29 postos, para o 47, "devido aos ataques contra os meios de comunicação" do "partido ultraconservador".
A "deriva autoritária" do regime do Tajiquistão faz o país cair 34 lugares, os mesmos que o Brunei, "após a instauração da 'sharia' e das acusações de blasfémia contra os jornalistas, que fizeram multiplicar a autocensura".
No entanto, as classificações mais baixas continuam a ser do Turquemenistão, Coreia do Norte e Eritreia.
Para o secretário-geral dos RSF, Christophe Deloire, "a paranoia que muitos dirigentes do mundo desenvolveram contra os meios de comunicação" tem muito que ver com o retrocesso generalizado na liberdade de imprensa.
Fustigados pelo terrorismo, conflitos armados e crises eleitorais, os jornalistas africanos viram piorar as suas condições de trabalho, com quedas notórias como a do Sudão do Sul, que desceu 15 lugares.
Mas a maior deterioração verificou-se na América, devido "às tensões políticas crescentes em vários países, alimentadas pela recessão económica e incertezas sobre o futuro".
O crime organizado continua a ser uma ameaça para os repórteres na maior parte dos países da América Central e na Colômbia, tornando difícil qualquer tipo de jornalismo de investigação.
A maior queda foi de El Salvador, que retrocedeu 13 posições, até ao 58.º lugar, uma degradação num país "carcomido pela violência dos cartéis", que começou em 2014, com a subida ao poder de Salvador Sánchez Cerén, "que acusa os meios de comunicação de participarem numa 'campanha de terror psicológica' contra o seu Governo".
O Panamá, onde "o acesso à informação continua a ser parcial e está sob o controlo do Estado", perdeu oito lugares e os RSF assinalam que "a cobertura de assuntos delicados como a corrupção leva a processos por difamação".
No entanto, os piores países do continente em termos de liberdade de imprensa para os RSF continuam a ser a Venezuela e Cuba.
No primeiro caso, a ONG assinala que "a imprensa de oposição e os meios de comunicação independentes tentam sobreviver às intimidações e manobras do Presidente, Nicolás Maduro".
Cuba situa-se no lugar 171, perdendo duas posições, com "um controlo quase total da informação por parte do regime de Raúl Castro".
A violência institucional do Equador, o crime organizado nas Honduras, a impunidade na Colômbia, a corrupção no Brasil, a concentração dos meios de comunicação na Argentina ou a cibervigilância nos Estados Unidos completam o panorama do continente.
Tal como no relatório de 2015, os RSF alertam igualmente para a deterioração da liberdade de imprensa na Europa, em nome da contraespionagem e da luta contra o terrorismo, mas também devido a uma maior concentração dos meios de comunicação e da influência do poder nos órgãos públicos.
No entanto, "a Europa é também vítima dos demónios do mundo", como demonstram os atentados contra o jornal Charlie Hebdo, em Paris, em janeiro de 2015, assinalam os RSF.

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sexta-feira, abril 01, 2016

PAÍS BARALHADO À DERIVA NUM MUNDO CONFUSO...

    Têm-se dado em Portugal nestes últimos tempos alguns factos dignos de registo para todos os portugueses. Não o seriam por certo se não tivessem o condão de confundir tantas cabeças. 

      O primeiro, de carácter político, foi o partido socialista de António Costa ter ido para o governo de Portugal sem ter ganhado as eleições legislativas. Como segundo partido mais votado, a seguir à coligação PSD/CDS-PP, seria, segundo a lógica democrática em Portugal em 40 anos de regímen da mesma natureza, o líder da oposição no Parlamento nacional. Para espanto e perplexidade de todos os portugueses e até mesmo além fronteiras, quiseram os confrades do socialismo luso virar o curso à história, fazendo acordo contra natura com partidos minoritários ainda mais à esquerda... (versus Bloco de Esquerda,  Partido Comunista, Verdes e Pan). Tal era a sede do poder de uns e a oportunidade jamais saída na rifa dos outros, aproveitando o domado elefante branco, do partido da mão fechada, quando é poder, e da rosa quando em campanha... Tudo fazia lembrar o tempo lamentável do PREC, post-25 de Abril de 1974. No país actual já nada fazia prever o regresso de uma página tão negra da nossa história! Uma extrema esquerda órfã dos seus tempos áureos, via agora na palhaçada socialista a oportunidade de ver ressurgir um tempo morto, de triste memória para todos nós, particularmente para os que o viveram...  Portugal faz parte da União Europeia e não pode confiar em partidos anti-europeístas. Este seria já o princípio primeiro pelo qual os portugueses se deveriam nortear sem equívocos na hora de votar!... E, mais ainda, nos fóruns onde se discutam e onde se devem aclarar estas coisas demasiado graves para o presente e para o futuro... E onde os cidadãos devem participar o mais possível.... Para "abrirem os olhos" e darem corpo a uma pressão social necessária e construtiva... Depois, e para terminar esta parte, Portugal tem uma questão financeira interna e externa muito grave e urgente a resolver.... Não pode ser atirada para o rol dos caloteiros.... e dos oportunistas! Nem sequer para o quintal dos idealistas de riquismo fácil quando ao serviço da Nação, e sempre à espera de regalias insustentáveis... O País não pode andar toda a vida a engordar parasitas e larápios de colarinho branco, ou alimentar as ilusões utópicas de quem pense que um paraíso terrial ainda está parar vir, abrindo cada vez mais o abismo onde perecerá... Nem Portugal, nem a Grécia, nem país algum do mundo que se preze e se diga civilizado. Nem ninguém! Rolarmos para o abismo? É apenas interesse imperioso de antigos impérios hegemónicos, xenófobos e esquizofrénicos que ainda mexem por aí... 

      O segundo facto a que me reporto é o problema dos direitos humanos. Portugal, que em 25 de Abril de 1974 abriu de par em par as portas à liberdade e aos direitos do homem, vê-se actualmente envolvido numa arbitrariedade política e social a decorrer numa das suas antigas colónias - Angola. É um contra-senso e um atentado à liberdade e à dignidade da pessoa humana o que se está a passar com o julgamento tendencioso, logo injusto, de um grupo de jovens  que cometeu apenas o delito de se ser livre num país democrático, humanista, progressista e plural... E a seguir, no julgamento final, é acusado sumariamente de ser um grupo de malfeitores, que afinal uma nação que abre as portas à independência, à democracia e à liberdade produziu e agora inexplicavelmente condena! Isto deixa todo o ser pensante e razoável de facto pior que confuso. É caso para perguntar, à maneira de um humorista português que há uns vinte e tal anos atrás comediava na RTP -1: "O que é isto?! Hum!?...
Ninguém cá deste lado tem sabido lidar com esta trágico-comédia e a maior parte acobarda-se e mete a cabeça de baixo da areia...  Políticos (salvo raras excepções), comentadores (salvo raras excepções), os média em geral (salvo raras excepções), tudo se cala e mete o rabo entra as pernas! Porquê!? Quem nos desmancha este nó da Civilização?